A produção de MasterChef decidiu remover um segundo competidor da edição de 2024, registrada antes da demissão dos apresentadores Gregg Wallace e John Torode. A informação foi confirmada pela Banijay, responsável pelo programa, que afirmou ter atendido ao pedido do participante para não aparecer em nenhum episódio, em meio às repercussões provocadas pelas denúncias contra os dois jurados.
A saída mais recente ocorreu no episódio exibido na noite de quarta-feira pela BBC One, quando somente cinco cozinheiros amadores foram mostrados, número inferior aos seis habituais. A identidade do competidor não foi revelada, a pedido do próprio envolvido. A retirada aconteceu após a exclusão, já anunciada, de Sarah Shafi, que também solicitou não ser exibida depois de a emissora confirmar reclamações contra Wallace e Torode.
Denúncias e apuração interna
As controvérsias começaram no ano passado, quando surgiram relatos de conduta inadequada atribuídos a Gregg Wallace. Em março, a Banijay concluiu investigação que contabilizou 83 queixas contra o jurado, das quais mais de 40 foram consideradas procedentes. Entre elas, constam um episódio de contato físico indesejado e três situações em que Wallace foi visto em estado de nudez parcial no set. O apresentador nega as acusações mais graves e declarou publicamente estar arrependido por ter ofendido colegas.
John Torode também foi alvo de um caso confirmado: o uso de um termo considerado racista durante gravação ocorrida em 2018. O chef declarou não se lembrar do episódio e reforçou que linguagem discriminatória é inaceitável. Mesmo assim, ambos os apresentadores foram afastados do formato após a conclusão do relatório.
Decisão de manter exibição
A BBC optou por levar ao ar a temporada gravada em 2023, justificando que preservar a competição seria uma forma de reconhecer o esforço dos cozinheiros amadores que participaram. Segundo a emissora, a decisão não diminui a gravidade das conclusões contra Wallace e Torode. Ainda assim, o sindicato de profissionais de televisão Bectu criticou a emissora, alegando que comportamentos impróprios não deveriam receber espaço em horário nobre.
Integrantes do elenco também se pronunciaram. A jornalista e ex-concorrente do Celebrity MasterChef Kirsty Wark sugeriu que a temporada fosse refilmada com outros jurados. A BBC avaliou alternativas, mas manteve o calendário original, alegando apoio majoritário dos participantes restantes.
Ajustes na edição
Nos episódios já exibidos, percebe-se redução nas interações informais entre os jurados e os competidores, com menor presença de piadas, um dos elementos característicos do formato. Fontes ligadas à produção informaram que o material foi reeditado para minimizar a participação dos apresentadores em cenas não essenciais.
Imagem: bbc.com
A substituição de Wallace ocorrerá apenas nos capítulos finais, gravados quando as denúncias vieram à tona, em novembro. Nessas etapas, a chef irlandesa Anna Haugh assume o posto de jurada ao lado de Torode. Até lá, o público continuará vendo a dupla original em provas gravadas antes das apurações.
Repercussão e audiência
A controvérsia já se reflete na recepção do público. Dados preliminares indicam queda na audiência em comparação com edições anteriores. Críticos de televisão apontam incertezas sobre o impacto de longo prazo na marca MasterChef, uma das franquias culinárias mais populares desde sua estreia no Reino Unido em 2005.
Enquanto isso, Banijay reforça que cumpre diretrizes de bem-estar no trabalho e que mantém canais abertos para denúncias futuras. A empresa destaca que acolheu integralmente os pedidos de remoção dos dois participantes e que novos episódios seguirão as determinações de confidencialidade solicitadas pela segunda competidora a deixar o programa.
Com os ajustes em curso, a temporada prossegue semanalmente na BBC One e também está disponível no serviço de streaming iPlayer. A emissora afirma que continuará monitorando a repercussão e que divulgará atualizações caso outras mudanças se mostrem necessárias.
