Fugitivo que fingiu a própria morte é condenado por estupro nos Estados Unidos

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Salt Lake City (EUA) – O norte-americano Nicholas Rossi, que simulou ter morrido, adotou nomes falsos e se refugiou no Reino Unido para escapar da Justiça, foi declarado culpado de estupro por um tribunal de Utah. O veredicto, alcançado após mais de oito horas de deliberação por um júri formado por quatro homens e quatro mulheres, encerra uma etapa de um processo iniciado em 2008, ano em que a agressão sexual foi cometida.

Rossi, que também atende pelo sobrenome de nascimento Alahverdian, foi julgado por um ataque contra uma mulher identificada como MS, ocorrido no condado de Salt Lake. A sentença será proferida em 20 de outubro; ele pode pegar de cinco anos a prisão perpétua. Além da condenação, o réu responde por outra acusação de estupro, referente a um caso no condado de Utah. Esse segundo julgamento está agendado para setembro e deverá durar duas semanas.

Dinâmica do crime de 2008

De acordo com o depoimento de MS, ela conheceu Rossi pela internet em 2008. O relacionamento evoluiu rapidamente para um noivado em apenas duas semanas. Entretanto, segundo relatado à corte, o comportamento do então parceiro mudou de forma abrupta: ele passou a controlar seus hábitos, limitou o uso do carro dela, criticou suas roupas e pediu dinheiro emprestado. Quando a vítima decidiu terminar a relação, Rossi a empurrou sobre a cama de seu apartamento e a violentou sexualmente.

A defesa tentou desqualificar o relato, alegando que o caso seria um “quebra-cabeça incompleto” e sugerindo que MS teria ficado magoada por perdas financeiras envolvendo o anel de noivado. Os jurados rejeitaram a tese ao considerarem as evidências apresentadas pela promotoria.

Testemunho de outra suposta vítima

No julgamento, também depôs KP, mulher que acusa Rossi de tê-la estuprado em Orem, condado de Utah, em 2008. Segundo o depoimento, ela o conheceu na rede social MySpace aos 21 anos e manteve breve relacionamento. KP relatou ter acordado no apartamento do acusado e descoberto compras de até US$ 400 feitas com seu cartão de crédito sem autorização. Após o término, ela disse ter sido impedida de sair do local, quando Rossi a imobilizou e a violentou. Esse episódio motivou a ação penal que terá início no mês que vem.

Fuga, falsas identidades e extradição

Nascido Nicholas Alahverdian em 1987, o réu adotou o sobrenome Rossi do padrasto. Investigado por fraude de cartão de crédito, ele forjou o próprio óbito em 2020 e deixou os Estados Unidos. Autoridades suspeitaram que estivesse no Reino Unido. Ainda em 2020, Rossi se casou com Miranda em Bristol, tentando manter o disfarce.

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Imagem: bbc.com

Em dezembro de 2021, foi localizado em um hospital de Glasgow enquanto tratava complicações de Covid-19. Funcionários reconheceram suas tatuagens, divulgadas em alerta da Interpol, e acionaram a polícia. Detido, Rossi afirmou ser Arthur Knight, órfão irlandês que jamais teria viajado aos EUA. Ele passou a frequentar audiências na Escócia de cadeira de rodas, vestindo colete, gravata e máscara de oxigênio, insistindo na tese de erro de identidade.

Durante o processo de extradição, o fugitivo trocou de advogados diversas vezes e declarou que as tatuagens teriam sido aplicadas por terceiros enquanto estava inconsciente no hospital — versão considerada implausível pela Justiça escocesa. Em setembro de 2023, o secretário de Justiça da Escócia assinou a ordem de extradição. Depois de perder o último recurso, Rossi foi transferido para os Estados Unidos em janeiro de 2024.

Na audiência de fiança realizada em Salt Lake City em outubro passado, ele admitiu, pela primeira vez, que Arthur Knight era um de seus pseudônimos, negando, porém, ter deixado o país para fugir de investigações. Segundo afirmou, a mudança de identidade ocorreria por temer ameaças que não detalhou.

Próximos passos judiciais

Com a condenação confirmada, Rossi aguarda a sentença, marcada para 20 de outubro. A pena poderá variar de cinco anos à prisão perpétua, conforme a legislação de Utah para crimes de estupro. Paralelamente, a Promotoria do condado de Utah prepara o segundo processo, no qual KP figura como vítima. Esse julgamento, previsto para iniciar em setembro, terá duração estimada de duas semanas e, se resultar em nova condenação, poderá ampliar significativamente o tempo de encarceramento do réu.

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