Governo britânico recorre a influenciadores do TikTok para alertar sobre cirurgias estéticas no exterior

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O governo do Reino Unido lançou uma campanha que utiliza criadores de conteúdo médico no TikTok para conscientizar a população sobre os riscos de realizar procedimentos estéticos fora do país. A iniciativa, anunciada nesta semana, responde ao aumento do chamado turismo médico, motivado sobretudo por preços mais baixos e prazos reduzidos oferecidos em clínicas estrangeiras.

Segundo o Ministério da Saúde, influenciadores como Doc Tally, com 240 mil seguidores, e Midwife Marley, com 38 mil, produzirão vídeos explicativos voltados aos usuários da plataforma. Os materiais destacarão a importância de consultar um médico registrado no Reino Unido antes da viagem, contratar seguro-viagem adequado e evitar pacotes turísticos que incluam cirurgias.

A campanha integra um esforço mais amplo do governo para proteger pacientes e reduzir custos ao Serviço Nacional de Saúde (NHS), que frequentemente acaba arcando com correções de procedimentos malsucedidos realizados fora do país. O slogan da ação afirma que “o menor preço pode gerar o maior custo”, enfatizando possíveis complicações clínicas, dificuldade de acesso ao pós-operatório e barreiras linguísticas.

Checklist ao planejar uma intervenção no exterior

Os criadores de conteúdo fornecerão um roteiro de verificação com quatro pontos principais: pesquisar detalhadamente o procedimento, checar a regulamentação da clínica e as credenciais do cirurgião, conhecer todos os custos envolvidos — incluindo acompanhamento pós-operatório — e determinar previamente quem será responsável por corrigir eventuais falhas.

A ministra da Saúde, Karin Smyth, declarou que “muitas pessoas ficam com lesões permanentes” após intervenções fora do Reino Unido e carecem de orientações confiáveis. Já o Ministério das Relações Exteriores atualizará suas recomendações de viagem, oferecendo informações específicas sobre riscos e requisitos de segurança em cada destino.

Relatos de complicações

Casos recentes ilustram as consequências de procedimentos mal-sucedidos. Em 2022, a britânica Leah Mattson, 27 anos, viajou a İzmir, na Turquia, para uma cirurgia bariátrica do tipo gastrectomia vertical. Embora o procedimento inicial tenha sido bem-sucedido na perda de peso, a paciente retornou ao mesmo serviço em 2023 para a remoção de excesso de pele e terminou com cicatrizes profundas e assimetria abdominal. Leah afirma ter confiado em depoimentos positivos divulgados nas redes sociais e hoje utiliza seu perfil para alertar sobre possíveis riscos. A clínica responsável declarou, em nota anterior, que “cirurgia plástica não é simples” e que certas complicações não podem ser previstas.

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Imagem: bbc.com

Novas regras para procedimentos estéticos na Inglaterra

Paralelamente à campanha digital, o governo britânico propôs mudanças regulatórias que restringem a oferta de procedimentos de maior risco — como o lifting glúteo brasileiro — a profissionais de saúde “devidamente qualificados” e registrados. Clínicas que realizam intervenções de menor complexidade, entre elas aplicações de botox e preenchimentos dérmicos, precisarão obter licença específica. Também será fixada idade mínima para impedir que menores de idade repitam tendências vistas em redes sociais.

Stephen Doughty, ministro das Relações Exteriores, reforçou que decisões informadas “podem evitar complicações graves”. Já o representante do TikTok no Reino Unido, Ali Law, afirmou que a plataforma se compromete a destacar conteúdos de fontes confiáveis quando os usuários buscarem informações de saúde.

Autoridades de saúde e especialistas aconselham que interessados em procedimentos no exterior verifiquem a acreditação internacional da clínica, considerem possíveis diferenças de protocolo em comparação com o Reino Unido e avaliem a disponibilidade de cuidados emergenciais. O governo espera que a combinação de orientações práticas, maior visibilidade dos riscos e novas exigências regulatórias reduza a procura por cirurgias de custo aparentemente menor, mas potencialmente mais arriscadas, fora do país.

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