Yvette Cooper sustenta proibição do Palestine Action enquanto novos indiciamentos avançam

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A secretária do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, voltou a defender a inclusão do grupo Palestine Action na lista de organizações terroristas. Em artigo publicado no jornal Observer, a ministra afirmou que a entidade vai além de um “grupo de protesto conhecido por ações pontuais” e indicou que diversas ocorrências atribuídas a seus integrantes resultaram em denúncias envolvendo crimes como desordem violenta e invasão agravada. Segundo Cooper, o Serviço de Promotoria da Coroa (Crown Prosecution Service) avaliou que essas acusações têm conexão com terrorismo.

A manifestação de Cooper foi divulgada após a Polícia Metropolitana informar, na sexta-feira (12), que outras 60 pessoas serão processadas por demonstrarem apoio ao Palestine Action. Desde que o governo proibiu a organização, em 5 de julho, mais de 700 pessoas foram detidas, incluindo mais de 500 durante um ato no centro de Londres na semana passada. No sábado (13), a Polícia de Norfolk prendeu 13 indivíduos por supostamente endossarem o grupo durante um protesto no centro de Norwich.

A Polícia Metropolitana acrescentou que espera apresentar novas denúncias nas próximas semanas e já estruturou procedimentos para investigar e instaurar processos em larga escala, caso seja necessário. O apoio ou a filiação ao Palestine Action passou a constituir crime punível com até 14 anos de prisão a partir da proibição decretada pelo governo.

O movimento ganhou visibilidade desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, concentrando suas ações principalmente em empresas ligadas ao setor de defesa. A decisão de proscrevê-lo ocorreu após integrantes causarem danos estimados em 7 milhões de libras a aeronaves na base da Real Força Aérea (RAF) de Brize Norton, em junho. Cooper destacou que, embora esse episódio seja bastante conhecido, há outros incidentes reivindicados pela organização que receberam menor atenção pública.

No artigo, a secretária citou ainda um documento interno do grupo, apelidado de “Underground Manual”, que, segundo ela, incentiva a formação de células, orienta sobre a escolha de alvos e fornece instruções para escapar da ação policial. “Essas práticas não correspondem às de um protesto legítimo”, escreveu. A ministra reiterou que algumas pessoas aderem ao Palestine Action por preocupação humanitária com Gaza sem conhecer, em suas palavras, “a verdadeira natureza” da organização.

O grupo obteve em junho autorização judicial para contestar a proibição. O julgamento no Tribunal Superior está marcado para novembro. A entidade sustenta que a medida viola o direito à liberdade de expressão e sufoca manifestações legítimas. Organizações de direitos humanos também criticaram tanto a classificação do Palestine Action como terrorista quanto as prisões subsequentes. Para o diretor-executivo da Anistia Internacional no Reino Unido, Sacha Deshmukh, a resposta policial foi desproporcional e confirma, segundo ele, a abrangência excessiva da legislação antiterrorista britânica.

Embora o Reino Unido não seja um dos principais fornecedores de armamentos a Israel, empresas britânicas produzem componentes do caça F-35, utilizado pela força aérea israelense nas operações em Gaza. Desde dezembro de 2023, a RAF realiza centenas de voos de reconhecimento sobre o enclave palestino, empregando aeronaves Shadow R1 a partir da base britânica em Akrotíri, no Chipre. O secretário de Relações Exteriores, porém, afirmou que nenhuma informação de inteligência recolhida nessas missões tem sido repassada aos militares israelenses.

Com novos processos em curso e um julgamento previsto para o fim do ano, o debate sobre a linha que separa protesto político e atividade considerada terrorista permanece no centro das discussões sobre segurança, direitos civis e política externa no Reino Unido.

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