O pacer Sonny Baker, de 22 anos, foi incluído pela primeira vez em uma lista da seleção masculina da Inglaterra depois de chamar atenção com atuações consistentes no circuito doméstico e no torneio The Hundred. A convocação foi confirmada pelo técnico Brendon McCullum em ligação telefônica realizada na manhã de sexta-feira, surpreendendo o jogador, que até então participava da competição de cem bolas pelo Manchester Originals.
Baker, natural de Devon, iniciou a carreira profissional no Somerset, mas transferiu-se para o Hampshire no ano passado em busca de mais oportunidades e de um ambiente favorável à evolução de seu jogo. A mudança coincidiu com a fase mais estável de sua trajetória, marcada anteriormente por três fraturas por estresse nas costas — a primeira aos 17 anos e outras duas em 2022 e 2023. Desde o fim do último ciclo de recuperação, o arremessador não relatou novos problemas físicos e credita parte dessa resistência à adoção de uma rotina de cuidados que inclui, entre outras práticas, o consumo diário de caldo feito a partir de ossos ricos em colágeno.
Durante o período em que precisou se afastar dos gramados, Baker chegou a considerar a carreira de professor e estava se preparando para disputar uma vaga no curso de Biologia da Universidade de Oxford. O retorno aos campos, entretanto, ganhou impulso no último inverno do hemisfério norte, quando ele integrou a Inglaterra Lions em turnê pela Austrália. O desempenho rendeu a Baker um contrato de desenvolvimento concedido pela England and Wales Cricket Board (ECB) em fevereiro, mesmo antes de sua estreia na County Championship.
A estreia na divisão principal do campeonato nacional aconteceu em abril; apenas uma semana depois, o jovem já registrava sua primeira série de cinco wickets. Entretanto, foi no The Hundred que o ritmo e a velocidade do arremessador ficaram mais evidentes. Vestindo a camisa do Manchester Originals, Baker chegou a abrir uma partida contra o Australiano David Warner com cinco bolas consecutivas sem ceder corrida e, segundo estatísticas oficiais da competição, ninguém — nem mesmo o consagrado Jofra Archer — entregou mais arremessos acima de 140 km/h (87 mph) do que ele até o momento.
A convivência recente com James Anderson no elenco do Originals ofereceu ao novato a chance de observar de perto um dos maiores wicket-takers da história dos testes internacionais. Conhecido pela curiosidade quase ininterrupta, Baker moderou o volume de perguntas ao veterano, mas segue filtrando detalhes técnicos para aplicar em sua própria ação de braço alto e rápida liberação da bola. O interesse por conhecimento já o levou a buscar conselhos diretamente com alguns dos arremessadores mais velozes da última geração, como Brett Lee, Shaun Tait e Wahab Riaz.
Além das consultas verbais, o inglês mantém um caderno onde anota minuciosamente características de rebatedores adversários e estratégias de campo. O diário já traz registros sobre Steven Smith, depois de duelo recente entre Manchester Originals e Welsh Fire em Cardiff: em doze bolas, o australiano conectou três limites, mas cometeu três erros de avaliação. O mesmo método de preparação deve ser utilizado caso Baker seja selecionado para acompanhar a equipe principal na série Ashes prevista para o próximo verão australiano, possibilidade considerada pelo departamento técnico da ECB.

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A resistência física permanece ponto de atenção. O próprio jogador reconhece que arremessar em alta velocidade aumenta a carga sobre a coluna, porém afirma estar disposto a lidar com o risco de novas lesões em troca dos benefícios competitivos de lançar acima da média. Para evitar episódios de overuse, o departamento médico do Hampshire e a comissão inglesa acompanham o volume de overs, enquanto o atleta complementa o trabalho com fortalecimento muscular e ajustes de mecânica.
No curto prazo, Baker concentra-se em três frentes: a fase decisiva do The Hundred, em que o Manchester Originals recebe o Northern Superchargers às 14h30 (horário local) deste domingo; a série de partidas contra a África do Sul, prevista para o início do outono europeu; e o confronto subsequente diante da Irlanda. A convocação para qualquer desses compromissos poderá representar a primeira oportunidade do velocista vestir oficialmente a camisa da seleção principal em partidas internacionais.
Com a inclusão de Baker, a Inglaterra reforça o setor de ritmo, de olho na renovação gradual do ataque. A mistura de juventude, velocidade acima de 140 km/h e dedicação ao estudo técnico faz do arremessador uma aposta para desafios de curto e médio prazo, ao mesmo tempo em que oferece um perfil de longo alcance para ciclos futuros, incluindo possíveis convocações para a próxima edição das Ashes.