População deixa bairro de Gaza após novos bombardeios, enquanto israelenses anunciam greve contra ocupação

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Milhares de moradores do bairro Zeitoun, na região sul da Cidade de Gaza, abandonaram suas casas após seis dias consecutivos de ataques aéreos, artilharia e demolições conduzidos pelas Forças de Defesa de Israel (IDF). Segundo a administração municipal local, controlada pelo Hamas, a situação na área foi descrita como “catastrófica”.

A Defesa Civil de Gaza informou que, somente no sábado, pelo menos 40 pessoas morreram em toda a Faixa. O mesmo órgão acrescentou que 13 dessas vítimas foram atingidas por disparos de soldados israelenses enquanto aguardavam distribuição de alimentos. Desde o fim de maio, a Organização das Nações Unidas contabiliza pelo menos 1.760 palestinos mortos nesse tipo de circunstância.

Reinício do envio de barracas

Diante do avanço das operações terrestres, Israel anunciou que voltará a autorizar a entrada de barracas e equipamentos de abrigo levados por agências humanitárias. O órgão militar israelense Cogat afirmou que as tendas serão destinadas a pessoas deslocadas para o sul da faixa como parte do “preparo” para remover civis de zonas de combate.

Na semana anterior, o gabinete de guerra israelense aprovou a ocupação integral da Cidade de Gaza e a retirada de cerca de 1 milhão de residentes para acampamentos no sul, medida condenada pelo Conselho de Segurança da ONU. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu busca estabelecer controle total sobre a cidade a partir de 7 de outubro, data de referência do conflito atual.

Condições humanitárias deterioradas

A prefeitura de Gaza sinaliza que 80% da infraestrutura da cidade foi danificada em quase dois anos de bombardeios. Dos hospitais ainda em funcionamento, quatro operam com menos de 20% da capacidade, em razão da escassez de medicamentos e suprimentos.

Dados da ONU indicam que 1,9 milhão de pessoas — cerca de 90% da população de Gaza — já foram deslocadas desde o início da guerra. Relatórios apoiados pela organização apontam disseminação de desnutrição grave e descrevem um “cenário de fome” em curso. No sábado, as unidades médicas do território confirmaram 11 mortes por desnutrição, elevando o total para 251, das quais 108 eram crianças.

Uma jovem de 20 anos, transferida às pressas para a Itália na quarta-feira para tratamento de extrema desnutrição, morreu dois dias depois em um hospital de Pisa. O governo italiano viabilizou o voo emergencial para pacientes palestinos em estado crítico.

Restrição de ajuda e crítica internacional

Mais de 100 organizações humanitárias relataram, em carta divulgada na semana passada, não ter conseguido encaminhar nenhum caminhão de suprimentos a Gaza desde 2 de março. Os governos do Reino Unido, União Europeia, Austrália, Canadá e Japão divulgaram alerta conjunto afirmando que “a fome está se desenrolando diante de nossos olhos” e pediram medidas urgentes para reverter a situação.

Israel reduziu fortemente o fluxo de assistência ao enclave e nega a existência de fome endêmica. Autoridades israelenses afirmam que as agências da ONU não retiram a carga nas passagens fronteiriças nem a distribuem adequadamente.

Greve geral em Israel

Dentro de Israel, uma greve de 24 horas está marcada para este domingo. A paralisação, convocada por familiares de reféns e entidades civis, protesta contra a ampliação da guerra e o plano de ocupação da Cidade de Gaza, considerados fator de risco à vida de israelenses mantidos sob poder do Hamas.

No sábado, manifestantes bloquearam a principal rodovia entre Tel Aviv e Jerusalém. Eles exigem prioridade total nas negociações para libertar os 251 sequestrados em 7 de outubro de 2023, quando o ataque do Hamas matou aproximadamente 1.200 pessoas em território israelense.

Balanço do conflito

Segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, mais de 61.000 palestinos morreram desde o início da ofensiva israelense. A ONU considera estes números plausíveis. Do lado israelense, o ataque inicial do Hamas deixou cerca de 1.200 mortos e resultou em 251 sequestrados, dos quais parte permanece em cativeiro.

As IDF não divulgaram prazo para uma eventual entrada total em Zeitoun ou na capital do território, mas continuam as operações de bombardeio e avanço terrestre. Enquanto isso, a maioria dos moradores segue na estrada, procurando refúgio no sul, em meio ao colapso dos serviços essenciais.

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