Casos de chikungunya importados para o Reino Unido mais que dobram no primeiro semestre

Novidade

O Reino Unido registrou um aumento expressivo nas notificações de chikungunya associadas a viagens internacionais nos seis primeiros meses de 2024. De acordo com a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês), foram confirmados 73 casos no período, ante 27 ocorrências contabilizadas no mesmo intervalo de 2023. Embora o número absoluto seja relativamente baixo, o crescimento de 170% evidencia a necessidade de atenção entre viajantes que se deslocam a regiões onde a transmissão do vírus é considerada ativa.

A chikungunya é transmitida principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus>, espécies que atualmente não estão presentes em território britânico. Essa ausência elimina o risco de propagação local, mas não reduz a relevância de medidas preventivas para quem se expõe à picada desses vetores em outros países. Segundo a UKHSA, quase todas as infecções relatadas neste ano foram associadas a viagens à Índia, Sri Lanka e Maurício, áreas que enfrentam surtos no Oceano Índico.

O curso clínico da doença costuma incluir febre repentina, dor articular e mal-estar generalizado. A maioria dos pacientes se recupera em até duas semanas, mas parte deles pode apresentar desconforto nas articulações por meses ou até anos. Situações fatais são raras, mas o risco existe, sobretudo entre pessoas com comorbidades ou sistema imune comprometido. Diante desse cenário, a agência britânica recomenda o uso regular de repelentes, roupas que cubram braços e pernas e, quando possível, redes tratadas com inseticida durante o sono.

Apesar de não haver circulação do mosquito transmissor no Reino Unido, autoridades sanitárias consideram a tendência atual um alerta. Para pessoas que planejam viagens a regiões tropicais ou subtropicais, a orientação é consultar previamente fontes confiáveis de informação sobre saúde internacional. Entre as medidas adicionais, pode ser avaliada a administração de vacina contra chikungunya, disponível para grupos considerados de maior risco, mediante orientação médica.

O relatório da UKHSA também trouxe outra novidade: a confirmação dos primeiros casos do vírus Oropouche em viajantes que retornaram do Brasil. Ao contrário da chikungunya, essa infecção viral é usualmente disseminada por mosquitos-pólvora, um tipo de maruim não encontrado na Europa. Os sintomas são semelhantes aos da febre chikungunya, incluindo febre alta, calafrios, cefaleia, dores musculares e articulares.

Dados da agência indicam elevação nos registros mundiais de Oropouche desde o início de 2024, sobretudo na América do Sul e no Caribe. Embora os quadros sejam, na maioria das vezes, autolimitados, há preocupação específica com gestantes, devido a indícios de possível impacto na gravidez, ainda em investigação. Assim como no caso da chikungunya, a recomendação para quem viaja a áreas de risco é adotar proteção rigorosa contra picadas e buscar aconselhamento de saúde antes de partir.

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Imagem: bbc.com

A ausência de transmissão local de ambos os vírus no Reino Unido não diminui a importância do monitoramento. O ambiente internacional favorece o trânsito constante de pessoas, elevando a probabilidade de chegada de infecções que, apesar de não se consolidarem no país, demandam diagnósticos rápidos para evitar complicações individuais. Profissionais de saúde britânicos receberam orientações para considerar arboviroses em pacientes com febre e histórico recente de viagem a regiões endêmicas.

Além da vigilância clínica, o controle vetorial permanece fundamental nos países onde os mosquitos transmissores são endêmicos. Estratégias incluem eliminação de criadouros, aplicação de inseticidas e campanhas de conscientização. A UKHSA destaca que, embora nenhuma dessas espécies esteja presente atualmente no Reino Unido, mudanças climáticas e movimentação internacional de mercadorias podem, no futuro, criar condições favoráveis à introdução desses vetores.

Até o momento, as autoridades sanitárias não indicam restrições específicas de viagem devido a chikungunya ou Oropouche, mas reforçam a necessidade de precauções individuais. Viajantes são orientados a manter-se informados sobre surtos em andamento, sobretudo em destinos tropicais. Em caso de sintomas compatíveis durante ou após a viagem, a recomendação é procurar atendimento médico imediato e mencionar o histórico de deslocamento.

Com a proximidade das férias de verão no hemisfério norte, o fluxo de visitantes rumo a destinos exóticos tende a aumentar. A UKHSA seguirá acompanhando a situação epidemiológica de arboviroses e atualizando orientações conforme necessário. Por ora, o enfoque permanece na prevenção pessoal, na sensibilização de profissionais de saúde para diagnóstico oportuno e no alerta contínuo a respeito dos riscos associados às picadas de insetos transmissores.

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