A aluna escocesa Rebecca Young, de 13 anos, foi incluída na seleção anual “Girls of the Year”, da revista Time, por desenvolver uma manta aquecida por energia solar destinada a pessoas em situação de rua. O reconhecimento abrange dez jovens de diferentes países cujos projetos geraram impacto social relevante.
Ideia surgiu em clube de engenharia escolar
Rebecca concebeu o produto quando tinha 12 anos e participava de um clube de engenharia no colégio Kelvinside Academy, em Glasgow. Ao notar a quantidade de pessoas dormindo ao relento na cidade, decidiu desenhar uma solução que oferecesse calor durante a noite sem depender de eletricidade convencional.
A manta reúne painéis solares capazes de captar energia durante o dia. Esse excedente é armazenado em um pequeno conjunto de baterias acopladas ao tecido. À noite, o sistema libera o calor acumulado, permitindo que o usuário se aqueça mesmo em temperaturas negativas, frequentes na capital escocesa.
Prototipagem e distribuição
O projeto original foi inscrito no concurso Primary Engineer, que recebeu mais de 70 000 propostas de estudantes do Reino Unido voltadas a desafios sociais. A criação de Rebecca venceu a competição e despertou o interesse da empresa de tecnologia Thales, responsável por transformar o desenho em protótipo funcional.
A companhia produziu 35 unidades, já entregues à organização Homeless Project Scotland. Segundo o fundador da entidade, Colin McInnes, o equipamento oferece conforto imediato quando abrigos estão lotados e a única alternativa do usuário é dormir em espaços abertos. Ele declarou que avaliaria positivamente a expansão da iniciativa para atender mais pessoas.
Reconhecimento internacional
O sucesso da manta solar levou Rebecca à lista da Time, divulgada em parceria com a fabricante dinamarquesa de brinquedos Lego. Como parte da homenagem, a estudante e as outras nove agraciadas aparecerão em uma capa digital da revista retratadas como minifiguras da marca. A jovem descreveu a experiência como “incrível” e afirmou sentir surpresa e orgulho pelo destaque global.

Imagem: bbc.com
Apesar do talento em engenharia, ela planeja seguir carreira na música. A família apoia a escolha; a mãe, Louise Young, afirmou que ver o esboço da filha transformar-se em produto real “é extraordinário”. O diretor da Kelvinside Academy, Daniel Wyatt, classificou a aluna como exemplo de empatia e inspiração para colegas que desejam trilhar caminhos próprios.
Outras jovens reconhecidas
Além de Rebecca, a relação da Time inclui:
- Rutendo Shadaya, 17, promotora da literatura entre jovens na Nova Zelândia;
- Coco Yoshizawa, 15, campeã olímpica no Japão;
- Valerie Chiu, 15, educadora científica na China;
- Zoé Clauzure, 15, ativista contra o bullying na França;
- Clara Proksch, 12, pesquisadora focada em segurança infantil na Alemanha;
- Ivanna Richards, 17, piloto de automobilismo que rompe estereótipos no México;
- Kornelia Wieczorek, 17, inovadora em biotecnologia na Polônia;
- Defne Özcan, 17, pioneira da aviação na Turquia;
- Naomi S. DeBerry, 12, defensora da doação de órgãos e autora infantil nos Estados Unidos.
Perspectivas futuras
A manta solar continua em fase de avaliação prática junto ao Homeless Project Scotland, que monitora sua eficácia em noites de baixa temperatura. A organização, a escola e a Thales discutem possibilidades de produzir novos lotes, caso haja financiamento suficiente.
Enquanto isso, a distinção concedida pela Time reforça a relevância de projetos estudantis que combinam ciência, tecnologia e sensibilidade social. Incentivada pela experiência, Rebecca aconselha outros jovens interessados em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) a participarem de clubes, compartilharem ideias e buscarem parcerias para converter conceitos em soluções tangíveis.