Uma palestina de 20 anos, identificada como Marah Abu Zuhri, morreu na madrugada de sexta-feira (12) no Hospital Universitário de Pisa, na Itália, menos de 48 horas depois de ter sido transferida da Faixa de Gaza para receber atendimento médico. Segundo boletim da unidade, a paciente chegou em estado de extrema desnutrição e sofreu uma parada cardíaca que não pôde ser revertida.
A jovem desembarcou em Pisa na quarta-feira à noite, acompanhada da mãe, em voo coordenado pelo governo italiano. A iniciativa integra um programa de evacuação humanitária que, desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, levou mais de 180 crianças e adultos palestinos a hospitais italianos. De acordo com autoridades locais, o grupo dessa semana incluiu 31 pacientes distribuídos entre Roma, Milão e Pisa, todos com doenças congênitas graves, amputações ou ferimentos decorrentes do conflito.
Relatórios de agências da ONU alertam para níveis generalizados de desnutrição no território palestino. Especialistas financiados pela organização afirmaram, no mês passado, que o “pior cenário” de fome já se concretiza em Gaza. Paralelamente, o governo israelense contesta a existência de inanição, argumenta que suas forças não impedem a entrada de ajuda e culpa organismos internacionais por falhas na distribuição dos insumos que chegam às fronteiras.
Dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas indicam que, apenas neste sábado (13), 36 pessoas morreram em bombardeios israelenses. A pasta também atribui 11 novos óbitos à desnutrição, elevando para mais de 250 o número de mortes relacionadas à fome desde o início da escalada militar. Israel questiona a confiabilidade desses números, sustenta que suas operações miram alvos terroristas e reforça o compromisso de reduzir danos a civis.
Na frente diplomática, parlamentares britânicos solicitaram ao governo do Reino Unido que organize, “sem atraso”, a transferência de crianças feridas ou doentes de Gaza. O Ministério do Interior britânico expressou intenção de evacuar algumas centenas de menores “com rapidez”, mas condicionou a entrada ao cumprimento de procedimentos biométricos tanto para as crianças quanto para os acompanhantes.
Em outra medida, um porta-voz de um ministério israelense informou que, a partir de domingo (14), moradores da Cidade de Gaza receberão tendas e outros suprimentos antes de serem realocados para chamadas “zonas seguras”. O anúncio ocorre poucos dias depois de a liderança israelense declarar que tropas ocuparão permanentemente a cidade. Desde então, o bairro de Zeitoun, o maior da região, tem registrado bombardeios, disparos de artilharia e demolições consecutivas. Representantes da prefeitura local classificam a situação como “catastrófica”, com deslocamento em massa da população após seis dias de ofensiva.

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O conflito, iniciado em outubro de 2023, já provocou mais de 60 000 mortes em Gaza, conforme o Ministério da Saúde ligado ao Hamas. Observadores internacionais advertem que o prolongamento das hostilidades compromete o funcionamento de hospitais, a distribuição de mantimentos e a segurança de comboios humanitários, agravando o quadro de escassez crônica.
Na Itália, equipes médicas relataram que Marah Abu Zuhri apresentava perda severa de peso e massa muscular ao desembarcar. Ela foi internada imediatamente em unidade de terapia intensiva, onde recebeu suporte nutricional e tratamento emergencial. Apesar dos esforços, a paciente sofreu parada cardíaca na madrugada de sexta-feira e não respondeu às manobras de ressuscitação.
Autoridades italianas afirmam que continuarão a acolher pacientes provenientes de Gaza enquanto houver condições logísticas e acordo com autoridades israelenses. O Ministério das Relações Exteriores do país ressaltou a importância de corredores humanitários que permitam a evacuação de casos críticos e a entrada de ajuda básica para a população que permanece no enclave.
Com o falecimento de Marah, organizações humanitárias reforçam pedidos por acesso irrestrito de alimentos, água potável e medicamentos a Gaza, alertando que atrasos na assistência podem resultar em novas mortes por causas evitáveis.