A Air Canada suspendeu todos os voos regulares a partir das 00h58 de sábado (04h58 GMT) em razão de uma greve de 72 horas deflagrada por mais de 10 mil comissários de bordo representados pelo sindicato CUPE. A interrupção, que engloba também a divisão de baixo custo Air Canada Rouge, provoca o cancelamento de cerca de 500 partidas diárias e impacta aproximadamente 130 mil passageiros por dia.
A paralisação foi confirmada no início da madrugada, mas a companhia já vinha reduzindo a operação desde a noite de sexta-feira. Até então, 623 voos haviam sido cancelados, atingindo mais de 100 mil clientes em processo de realocação ou reembolso. Passageiros foram orientados a não comparecer aos aeroportos, a menos que tenham reservas com outras empresas.
Os voos operados pelas subsidiárias Air Canada Jazz, PAL Airlines e Air Canada Express continuam em funcionamento, embora a malha da transportadora principal — que atende 180 destinos em todo o mundo — permaneça completamente paralisada. Em diferentes terminais do país, tripulantes organizam piquetes e distribuem informações ao público, enquanto viajantes tentam remarcar itinerários ou encontrar rotas alternativas.
O movimento grevista centra-se em reivindicações de reajuste salarial e pagamento das horas em solo, como embarque, desembarque e espera em aeroportos. Segundo o sindicato, esses períodos representam parte significativa da jornada e não são devidamente remunerados. A entidade afirma ainda que os vencimentos atuais não acompanham a inflação nem refletem o valor de mercado para a categoria.
Durante as negociações, a Air Canada ofereceu um aumento total de 38% ao longo de quatro anos, com elevação inicial de 25% no primeiro ano de contrato. A proposta foi rejeitada pelo CUPE, que a classificou como insuficiente e inferior ao salário mínimo quando consideradas todas as horas trabalhadas. As partes trocam acusações públicas sobre falta de disposição para chegar a um acordo.
No início do mês, 99,7% dos trabalhadores representados pelo sindicato votaram a favor da greve, após oito meses de tratativas sem avanços significativos. A entidade sustenta ter negociado em boa-fé, mas afirma que a companhia recorreu ao governo para solicitar arbitragem vinculante, medida que, na visão sindical, limitaria o direito de negociação coletiva.

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A ministra do Trabalho do Canadá, Patty Hajdu, instou ambas as partes a retomarem o diálogo a fim de evitar a paralisação prolongada. Ela confirmou ter recebido o pedido da Air Canada para transferir o impasse a um processo de arbitragem compulsória. Até o início da greve, no entanto, não houve intervenção federal formal nem previsão de mediação obrigatória.
Com a operação suspensa, os efeitos se espalham não apenas nos grandes centros canadenses, mas também em rotas internacionais. Clientes relatam dificuldades para obter novos bilhetes em curto prazo, já que boa parte dos assentos disponíveis em outras companhias foi absorvida nos dias que antecederam a greve. A Air Canada afirma “lamentar profundamente” os transtornos e promete flexibilizar políticas de remarcação ou reembolso enquanto durar o movimento.
A paralisação tem duração anunciada de 72 horas, mas analistas do setor avaliam que a complexidade de realocar tripulações e aeronaves poderá prolongar o retorno pleno das operações. Até que haja acordo ou determinação governamental, a recomendação da empresa permanece: passageiros com voos cancelados devem utilizar canais digitais para remarcar viagens ou solicitar devolução de valores, evitando deslocamentos desnecessários aos aeroportos.