A rede de supermercados Iceland decidiu oferecer um crédito de 1 libra no cartão de fidelidade dos consumidores que avisarem a equipe sobre furtos em andamento nas lojas do Reino Unido. A medida, anunciada pelo presidente executivo Richard Walker, tem o objetivo de conter o aumento dos casos de roubo em estabelecimentos comerciais e reduzir o prejuízo anual de aproximadamente 20 milhões de libras atribuído a essa prática.
De acordo com Walker, o valor creditado será inserido no Iceland Bonus Card assim que a ocorrência for comunicada e confirmada pelos funcionários. A empresa ressaltou que não é necessário que o suspeito seja detido para que o cliente receba a recompensa, mas a denúncia precisa ser verificada internamente.
O executivo informou que o furto em lojas impacta diretamente na capacidade da rede de manter preços mais baixos e de reinvestir em salários de colaboradores. Para ele, a participação do público no combate a esse tipo de crime pode contribuir para a sustentação das margens e, futuramente, possibilitar ajustes positivos nos valores dos produtos.
A companhia orienta que os consumidores não tentem intervir fisicamente nem abordem possíveis infratores. O procedimento recomendado consiste em procurar o funcionário mais próximo e transmitir uma descrição detalhada da pessoa ou do incidente. Os trabalhadores então seguem o protocolo de segurança interno, acionando, se necessário, vigilantes ou a polícia.
O anúncio ocorreu na quinta-feira, durante entrevista televisiva, quando Richard Walker enfatizou que o furto em supermercados não deve ser visto como um delito sem vítimas. Segundo ele, além do impacto financeiro, muitas vezes há intimidação e violência contra funcionários e outros clientes.
A iniciativa surge em meio a um crescimento significativo das ocorrências registradas pelas forças de segurança. Dados do Escritório Nacional de Estatísticas mostram que, no período de 12 meses encerrado em março de 2025, foram computados 530.643 casos de furto em lojas na Inglaterra e no País de Gales. O total representa aumento de 20% em relação aos 444.022 casos contabilizados no ciclo anterior, configurando o maior patamar desde o início da série histórica em 2002-03.
Diante dessa tendência, o governo britânico anunciou planos para reforçar o policiamento de bairro, com a promessa de colocar milhares de agentes adicionais nas ruas até a primavera de 2026. A expectativa oficial é de que a presença ampliada das forças de segurança funcione como elemento dissuasor e facilite a resposta a ocorrências de pequenos crimes.

Imagem: bbc.com
Embora algumas empresas do setor de varejo já venham testando tecnologias de vigilância mais avançadas ou instalando barreiras físicas nos pontos de venda, a proposta da Iceland se diferencia por envolver diretamente o cliente no monitoramento diário. A companhia argumenta que seus consumidores mais frequentes conhecem a rotina das lojas e podem identificar comportamentos suspeitos com agilidade.
O programa de recompensa será aplicado em todas as unidades da rede no Reino Unido. O Iceland Bonus Card, além de acumular créditos promocionais, funciona como meio de pagamento dentro das lojas. Ao receber a libra de crédito, o cliente pode utilizá-la em compras futuras, seguindo as regras já estabelecidas para o cartão de fidelidade.
Até o momento, a empresa não definiu um limite de valor total a ser distribuído em bonificações nem metas públicas de redução de furtos. No entanto, Walker afirmou que o incentivo financeiro será mantido enquanto se mostrar eficaz na contenção de perdas e no fortalecimento do engajamento comunitário.
Analistas do varejo apontam que o aumento do crime organizado, a pressão sobre o custo de vida e a percepção de baixa punição contribuíram para a elevação dos furtos nos últimos anos. A resposta da Iceland, envolvendo colaboradores e consumidores, adiciona um elemento de vigilância social às soluções convencionais, centradas principalmente em tecnologia e segurança privada.
A rede opera mais de mil lojas no Reino Unido e emprega cerca de 30 mil pessoas. Caso a estratégia de bonificação se traduza em redução consistente de perdas, a empresa avalia reinvestir parte dos recursos preservados em campanhas de preço e em benefícios para funcionários.