Pelo menos três pessoas morreram e milhares foram obrigadas a deixar suas casas em decorrência de dezenas de incêndios florestais alimentados por temperaturas acima de 40 °C em diversos países do sul da Europa. Alertas vermelhos de calor extremo estão em vigor em áreas da Itália, França, Espanha, Portugal e dos Bálcãs, indicando risco significativo à saúde da população.
Na Espanha, onde a agência meteorológica Aemet prevê picos de 44 °C em Sevilha e Córdoba, um funcionário de um centro equestre morreu após sofrer queimaduras graves em Tres Cantos, próximo a Madri. Ventos que ultrapassaram 70 km/h impulsionaram as chamas em direção a zonas residenciais e forçaram a retirada de centenas de moradores. No noroeste, quase 4 000 pessoas foram evacuadas na região de Castela e Leão, que registrou mais de 30 focos ativos, incluindo um que ameaça o sítio arqueológico de Las Médulas, patrimônio da Unesco. Outros 2 000 turistas e residentes deixaram hotéis e casas próximos a Tarifa, na Andaluzia. Aproximadamente 1 000 militares da Unidade de Emergências do Exército foram mobilizados para apoiar os bombeiros.
Em Portugal, três grandes incêndios exigiram a atuação de mais de 1 300 bombeiros e 14 aeronaves. O foco mais preocupante, perto de Trancoso, no centro do país, foi contido na manhã de terça-feira. Duas aeronaves fornecidas pelo Marrocos substituíram aviões portugueses que apresentaram falhas. O serviço meteorológico local alerta que o sul pode atingir 44 °C, sem queda abaixo de 25 °C durante a noite.
A Itália registrou a morte de uma criança por insolação na segunda-feira. Alerta vermelho de calor cobre pelo menos dez cidades, entre elas Roma, Milão e Florença, que podem chegar a 40 °C até o fim da semana. Em Sardenha, um menino romeno de quatro anos foi socorrido em estado crítico após ser encontrado inconsciente dentro de um carro; ele não resistiu a danos cerebrais irreversíveis atribuídos ao calor, segundo autoridades hospitalares.
Quase três quartos da França permanecem sob alerta para altas temperaturas. As previsões apontam até 36 °C na região de Paris e 40 °C no Vale do Ródano. O Ministério da Saúde francês informou que a rede hospitalar está preparada para um possível aumento de atendimentos durante a segunda onda de calor em poucas semanas.
Na Grécia, mais de 150 incêndios foram registrados, intensificados por ventos fortes. Cerca de 5 000 bombeiros e dezenas de aeronaves trabalham no combate às chamas. Evacuações em massa ocorrem na ilha turística de Zakynthos e na região ocidental da Acaia, onde residências, veículos e estabelecimentos comerciais foram destruídos. Em Quio, embarcações da guarda costeira retiram banhistas isolados pelo avanço do fogo, enquanto o governo solicitou aeronaves de combate a incêndio a parceiros da União Europeia. As autoridades preveem condições ainda mais críticas nos próximos dias.
Imagem: bbc.com
Na Turquia, focos de grande proporção em Canakkale e Izmir foram controlados após a evacuação de centenas de pessoas, o fechamento do Estreito de Dardanelos e da pista do aeroporto local. No Montenegro, um soldado morreu e outro ficou ferido quando o caminhão-pipa em que estavam capotou durante ações de contenção próximas à capital, Podgorica. Incêndios também obrigaram moradores a deixar suas casas na Albânia, enquanto na Croácia um foco de grandes proporções em Split foi dominado na terça-feira.
Fora do continente, partes do Reino Unido enfrentam a quarta onda de calor do ano, com termômetros atingindo 33 °C e alertas sanitários de nível âmbar e amarelo em toda a Inglaterra. Na terça-feira, dois incêndios em áreas de vegetação em Londres queimaram mais de 17 acres em Ealing e Wanstead Flats.
Cientistas apontam que o aquecimento global torna os verões mediterrâneos mais quentes e secos, prolongando e intensificando as temporadas de fogo. Especialistas reforçam a necessidade de cautela da população e de prontidão dos serviços de emergência diante do cenário de calor extremo e incêndios simultâneos em vários países europeus.
