A menos de uma semana da estreia na nova edição da Premier League, o Newcastle United tenta preservar o espírito de grupo em meio à incerteza sobre o futuro de Alexander Isak. O atacante sueco, que manifestou desejo de se transferir para o Liverpool, não participou de um churrasco organizado para jogadores e familiares no centro de treinamentos em Benton, evento que marcou o encerramento da pré-temporada.
Impasse contratual
Isak, contratado em 2022 e com vínculo válido por mais três temporadas, continua determinado a deixar o clube. No início de agosto, o Newcastle recusou uma oferta de 110 milhões de libras do Liverpool. O técnico Eddie Howe afirmou que, “no momento”, o jogador não será integrado aos treinos coletivos, mas reiterou que o clube pretende mantê-lo.
Especialistas em direito esportivo avaliam que o Newcastle está amparado contratualmente para exigir que Isak treine separado e para rejeitar propostas. No entanto, permanecem considerações financeiras: manter um atleta de alto custo sem utilizar pode depreciar seu valor de mercado. Por isso, a definição é tratada internamente como um “jogo de pôquer de alto risco”, em que ambas as partes tentam preservar seus interesses até o fechamento da janela, em 1º de setembro.
Efeito no elenco
Dentro do vestiário, veteranos como o lateral Kieran Trippier reforçam a mensagem de que “o grupo está unido”. Howe sustenta que a coesão foi um dos pilares dos resultados recentes, incluindo a qualificação para a Liga dos Campeões e a conquista do primeiro título em décadas na última temporada. Mesmo assim, membros da diretoria admitem que o caso Isak gerou “perturbação” em um ambiente considerado estável até então.
Com a ausência do sueco e a falta de alternativas experientes, a tendência é que Anthony Gordon assuma o comando de ataque contra o Aston Villa, sábado, na abertura da Premier League. O improviso não fazia parte do planejamento inicial, mas reflete o contexto de mercado enfrentado pelos Magpies.
Janela mais difícil do que a anterior
O clube saudita precisou vender ativos no meio de 2023 para não violar as regras de lucro e sustentabilidade da liga. Dirigentes consideram que a janela atual, entretanto, está ainda mais complexa. Além da pressão financeira, o Newcastle perdeu o diretor esportivo Paul Mitchell e verá o diretor-executivo Darren Eales deixar o cargo após cumprir aviso prévio, ampliando a sensação de transição nos bastidores.

Imagem: bbc.com
No mercado, a equipe esbarrou em concorrentes de maior poder salarial e histórico de conquistas ao tentar Benjamin Sesko, Hugo Ekitike, João Pedro e James Trafford. A falta de acertos alimenta receio entre torcedores. Thomas Concannon, voluntário do grupo Wor Flags, que organiza bandeirões em St James’ Park, admite preocupação, mas confia no trabalho de Howe e no apoio da torcida para superar os obstáculos.
Reforços e alvos
Apesar das dificuldades, o Newcastle avançou nesta semana com a contratação do zagueiro Malick Thiaw, vindo do Milan, e negocia em estágio adiantado a chegada do meio-campista Jacob Ramsey, do Aston Villa. Além disso, já oficializou as compras do atacante Anthony Elanga e do goleiro Aaron Ramsdale. O clube também mantém interesse no atacante Yoane Wissa, do Brentford, visto como possível substituto de Callum Wilson, não como sucessor de Isak.
A diretoria entende que concluir a janela em alta é fundamental para reduzir a tensão em torno da permanência do sueco e para reforçar o elenco antes de um calendário que inclui Premier League, Liga dos Campeões e copas domésticas. Até lá, o foco imediato é iniciar a temporada com resultado positivo diante do Aston Villa, enquanto as negociações pelos últimos ajustes do plantel avançam nos bastidores.