O atacante Antoine Semenyo, do Bournemouth, afirmou que a reação coletiva ao episódio de injúria racial que sofreu na sexta-feira (17) em Anfield demonstrou “o melhor lado do futebol”. A manifestação foi publicada no sábado em suas redes sociais, um dia após a partida contra o Liverpool pela primeira rodada da Premier League.
Durante o primeiro tempo, o jogador ganês de 25 anos foi alvo de ofensas racistas vindas da arquibancada. A polícia de Merseyside abriu investigação e retirou um torcedor de 47 anos do estádio logo após a denúncia. O incidente ocorreu poucos minutos antes de Semenyo marcar dois gols, embora o Bournemouth tenha sido derrotado por 4 a 2.
Depois do jogo, o atacante divulgou em sua conta no Instagram novas mensagens com insultos racistas, acompanhadas da pergunta “Quando isso vai parar?”. No dia seguinte, acrescentou que o episódio ficará marcado não pelas palavras ofensivas, mas pela maneira como jogadores, torcedores e autoridades atuaram em conjunto. O atleta agradeceu aos companheiros de Bournemouth, aos jogadores e torcedores do Liverpool e aos oficiais da Premier League pelo apoio imediato.
Semenyo ressaltou que os dois gols foram a resposta dentro de campo e reforçou a importância de seguir adiante “para todos que acreditam no que o futebol pode ser”. Segundo ele, as inúmeras mensagens de solidariedade recebidas de diversos segmentos do esporte reforçaram seu vínculo com a modalidade.
O capitão do Liverpool, Virgil van Dijk, classificou o episódio como “uma vergonha” e defendeu ações mais contundentes das campanhas antirracistas. Para o zagueiro, educação de novas gerações é fundamental para erradicar comportamentos discriminatórios nos estádios. A Premier League informou que está apurando o caso e ofereceu apoio tanto a Semenyo quanto aos dois clubes envolvidos.
A Meta, proprietária do Instagram, declarou que investiga os comentários ofensivos publicados na plataforma e que tomará providências contra contas que violem suas políticas. A empresa não divulgou prazos para conclusão das análises nem detalhou possíveis sanções.
O episódio em Anfield ocorre em meio a uma série de denúncias recentes de racismo no futebol. Na terça-feira (14), o francês Mathys Tel, do Tottenham, recebeu insultos on-line após errar um pênalti na Supercopa contra o Paris Saint-Germain. Em julho, a defensora inglesa Jess Carter revelou ter sido alvo de ataques racistas durante a Euro 2025 feminina. Em resposta, as jogadoras da seleção inglesa interromperam o gesto de ajoelhar antes das partidas, alegando necessidade de novas abordagens contra a discriminação.
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A Premier League confirmou que as equipes serão convidadas a ajoelhar em duas rodadas de outubro, com o objetivo de reforçar o compromisso da competição com a igualdade. O gesto, adotado em 2020, vem sendo debatido entre atletas e entidades sobre sua eficácia no combate ao racismo.
Especialistas e ex-jogadores ouvidos pela imprensa britânica demonstraram ceticismo quanto ao progresso nas medidas antirracistas. A ex-defensora Alex Scott afirmou não se surpreender com novos casos, citando abusos direcionados a jogadoras e jogadores durante o verão europeu. Já o ex-atacante Dion Dublin destacou que o problema transcende o futebol e reflete falhas estruturais na sociedade.
Enquanto as investigações seguem, Bournemouth e Liverpool reiteram colaboração total com autoridades e órgãos do futebol. O clube do sul da Inglaterra não especificou se pretende adotar medidas internas adicionais, mas comunicou que continuará oferecendo suporte psicológico e jurídico ao atleta. A polícia de Merseyside não divulgou o prazo para conclusão do inquérito nem a identidade do suspeito removido do estádio.
O caso de Semenyo reabre o debate sobre a eficácia das campanhas vigentes e pressiona dirigentes, plataformas digitais e órgãos de segurança a intensificar esforços contra manifestações racistas. Até a definição de eventuais sanções, o atacante segue à disposição do Bournemouth para as próximas rodadas da Premier League.
