Reino Unido prepara evacuação de até 50 crianças gravemente feridas de Gaza para tratamento no NHS

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Entre 30 e 50 crianças palestinas com quadro clínico crítico devem ser transferidas da Faixa de Gaza para o Reino Unido nas próximas semanas, onde receberão atendimento no Serviço Nacional de Saúde (NHS). O plano, segundo apurou a BBC, é a primeira operação de evacuação infantil organizada pelo governo britânico desde o início do conflito em outubro de 2023.

A iniciativa é coordenada conjuntamente pelo Ministério das Relações Exteriores, pelo Ministério do Interior e pelo Departamento de Saúde e Assistência Social. A seleção dos pacientes ficará a cargo da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cada criança viajará acompanhada por familiares próximos e passará por um país de trânsito, ainda não divulgado, onde serão capturadas as informações biométricas exigidas pelas autoridades britânicas.

Parlamentares vêm pressionando Londres a agir com urgência. Na semana passada, 96 deputados de diferentes partidos enviaram carta ao governo alertando para o risco de morte iminente de menores devido ao colapso do sistema de saúde em Gaza. O grupo pediu a remoção imediata de quaisquer barreiras burocráticas à saída dos pacientes.

Até o momento, apenas casos pontuais foram trazidos ao Reino Unido por vias privadas, por meio da organização Project Pure Hope (PPH). A operação agora em curso marca, portanto, o primeiro esforço oficial de evacuação desde que a ofensiva israelense começou. Em agosto, o governo havia informado que trabalhava “em ritmo acelerado” para estabelecer um mecanismo de traslado de crianças em situação crítica.

Não há confirmação sobre o número exato de menores que chegarão na primeira leva nem sobre a possibilidade de novos grupos. Diante da dificuldade de retorno seguro a Gaza após o tratamento, autoridades britânicas admitem que parte desses pacientes poderá ingressar no sistema de asilo após a alta hospitalar.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 50 mil crianças foram mortas ou ficaram feridas desde o início da guerra. O governo britânico já destinou recursos para custear tratamentos em hospitais da região e tem cooperado com a Jordânia em lançamentos aéreos de ajuda humanitária.

O Ministério do Interior reafirmou que todos os pacientes e acompanhantes serão submetidos a verificações biométricas antes do embarque. Outros países também têm retirado feridos de Gaza: a Itália, por exemplo, acolheu mais de 180 adultos e crianças para cuidados médicos desde outubro.

Organismos das Nações Unidas alertam para desnutrição generalizada no território palestino. Relatório divulgado no mês passado por especialistas respaldados pela ONU aponta que o “pior cenário” de fome já se concretiza em Gaza. Israel sustenta não impor restrições à entrada de auxílio e responsabiliza a ONU e outras agências pela distribuição ineficiente.

Dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas indicam mais de 60 mil mortos na faixa desde o início da ofensiva israelense. A operação militar foi lançada após o ataque liderado pelo Hamas contra o sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos e resultou no sequestro de 251 pessoas.

O governo britânico afirma que um grupo de trabalho multipartidário acompanha a implementação do corredor humanitário para crianças em condição grave. A expectativa oficial é de que os primeiros pacientes desembarquem no Reino Unido “nas próximas semanas”, dando início a um processo que poderá se estender caso novas vagas hospitalares sejam disponibilizadas.

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