A OpenAI confirmou nesta quinta-feira (7/8) o lançamento do GPT-5, novo modelo de inteligência artificial generativa que já pode ser usado gratuitamente no ChatGPT e por meio de API, esta com preços reduzidos. Paralelamente, o diretor-executivo Sam Altman afirmou que a companhia continuará priorizando crescimento e investimentos pesados em treinamento de modelos e infraestrutura de computação, mesmo que isso prolongue o período de prejuízos.
Investimentos acima da rentabilidade
Em entrevista à CNBC, Altman explicou que a estratégia atual consiste em reinvestir a receita na ampliação das operações, aceitando perdas temporárias. “Enquanto estivermos nessa curva de crescimento, o ideal é absorver os prejuízos”, disse o executivo. No exercício financeiro anterior, a empresa registrou resultado negativo de US$ 5 bilhões, apesar da geração de US$ 3,7 bilhões em receitas.
Para 2024, a previsão interna é ultrapassar US$ 20 bilhões em receita anual recorrente, montante que não deve ser suficiente para virar o caixa ao positivo. A manutenção dos investimentos em escala computacional, treinamento de modelos cada vez maiores e expansão global pesa sobre os custos e deve prolongar a fase de deficitária.
Status de empresa fechada favorece a estratégia
A OpenAI continua estruturada como empresa de capital fechado, situação que, segundo Altman, permite maior liberdade para adiar a busca por lucro. Sem a pressão de acionistas do mercado público, a companhia pode concentrar esforços na consolidação tecnológica e comercial. Essa postura atrai capital de risco disposto a financiar crescimento acelerado: a organização já é avaliada em aproximadamente US$ 500 bilhões, e uma nova rodada de captação está prevista para os próximos meses.
O modelo tradicional do setor de tecnologia — queimar caixa para ganhar mercado — segue influente entre fundos e investidores institucionais de grande porte. A perspectiva de liderança em IA generativa sustenta aportes contínuos, mesmo diante dos prejuízos atuais.
Novo modelo e redução de preços
O GPT-5 apresenta promessas de respostas mais rápidas, maior precisão e barreiras de segurança reforçadas. Para incentivar adoção em larga escala, a OpenAI definiu valores inferiores aos praticados no modelo anterior. No acesso via API, o custo é de US$ 1,25 por milhão de tokens de entrada e US$ 10 por milhão de tokens de saída — cerca de R$ 6,80 e R$ 54, respectivamente, na cotação atual.
Esse patamar é mais baixo que o cobrado pelo GPT-4o e iguala os preços do Gemini 2.5 Pro, do Google. Já o Claude Opus 4.1, desenvolvido pela Anthropic, permanece acima dessa faixa, embora venha ganhando popularidade entre profissionais e empresas de desenvolvimento. A decisão da OpenAI pode desencadear uma nova rodada de cortes entre provedores de IA, favorecendo organizações com maior capacidade de sustentar despesas antes de alcançar rentabilidade.

Imagem: Vitor Pádua via tecnoblog.net
Competição baseada em escala
A combinação de capital abundante, infraestrutura massiva e preços agressivos tende a intensificar a disputa por clientes corporativos e desenvolvedores. Quem conseguir oferecer modelos avançados a custo reduzido pode ampliar rapidamente a participação de mercado. Nesse cenário, companhias que dispõem de recursos para manter data centers de alto desempenho e equipes de pesquisa extensas levam vantagem.
Para a OpenAI, a aposta é que a ampliação de usuários, a diversificação de aplicações e a evolução tecnológica eventualmente se traduzam em ganhos financeiros. Até lá, o foco declarado é manter o ritmo de inovação. Altman afirma que ainda existe espaço significativo para melhorar a qualidade dos modelos e expandir suas capacidades, justificando a continuidade dos aportes robustos.
Visão de longo prazo
A decisão de sacrificar lucro imediatamente em troca de expansão não é inédita no setor, mas a escala dos números chama atenção. Com despesas bilionárias em processamento gráfico, energia elétrica e contratação de talentos, a empresa confia que a liderança tecnológica compensará os altos custos correntes.
Altman ressalta que a expectativa é ver o mercado de IA generativa crescer de forma exponencial nos próximos anos, abrindo oportunidades em áreas como atendimento ao cliente, desenvolvimento de software, criação de conteúdo e automação de processos. Quanto mais robusto o ecossistema, maior a possibilidade de monetização futura.
Por enquanto, a OpenAI prossegue reforçando data centers, contratando pesquisadores e otimizando algoritmos. O lançamento do GPT-5 e a redução de preços ilustram a aposta na combinação de inovação constante e acessibilidade econômica para consolidar presença global, mesmo que o equilíbrio financeiro permaneça distante.