Tom Brady declarou que, entre os quarterbacks em atividade na NFL, apenas Patrick Mahomes apresenta características que lembram sua própria trajetória de conquistas. A afirmação foi feita durante participação no programa “The Joel Klatt Show: Big Noon Conversations”, gravado recentemente nos Estados Unidos.
Segundo Brady, a principal semelhança não está apenas no talento, mas nos hábitos diários e na disposição de “fazer tudo o que for necessário” para vencer. O ex-jogador, dono de sete títulos de Super Bowl e três prêmios de MVP, citou a consistência de Mahomes nos treinos, a compreensão ofensiva do camisa 15 do Kansas City Chiefs e a capacidade de entregar resultados nos momentos decisivos como pontos que o aproximam do padrão que ele próprio estabeleceu ao longo de duas décadas de carreira.
Mahomes é, de fato, o quarterback ativo com mais conquistas relevantes: três Super Bowls, três troféus de MVP de final da liga e dois prêmios de melhor jogador da temporada. Mesmo assim, o atleta viveu em 2024 o desempenho estatístico mais discreto desde que assumiu a titularidade em 2018, terminando a fase regular com 3.928 jardas aéreas, 26 touchdowns, 11 interceptações e índice de eficiência de 93,5. O rendimento abaixo do habitual fez com que o jogador aparecesse apenas em quarto lugar no ranking de quarterbacks do videogame “Madden NFL 26”, atrás de Josh Allen, Lamar Jackson e Joe Burrow.
Apesar da queda numérica, o retrospecto recente do Chiefs sustenta a visão de Brady. A equipe venceu Allen, Jackson e Burrow em finais consecutivas da Conferência Americana nas últimas três temporadas, credenciando-se a duas participações no Super Bowl no período. Os confrontos incluíram momentos decisivos em que Mahomes evitou erros e capitalizou falhas dos rivais: interceptação de Burrow com o placar empatado na final de 2022, turnover de Jackson na end zone quando o Baltimore Ravens perdia por dez pontos em 2023 e sequência de descidas malsucedidas de Allen no fim da partida contra o Buffalo Bills em 2024.
Em debate no programa “First Things First”, o comentarista Nick Wright concordou com Brady e pontuou que Mahomes ocupa as duas primeiras posições históricas em diversos indicadores de pós-temporada — incluindo vitórias, jardas e passes para touchdown — fator que compensaria qualquer oscilação estatística na fase regular. Wright salientou ainda que Jackson apresenta queda de produção nos playoffs, Burrow ficou fora da pós-temporada em anos consecutivos mesmo contando com Ja’Marr Chase e Tee Higgins, e Allen soma quatro derrotas em quatro confrontos eliminatórios contra o Chiefs.
Brady, entretanto, deixou claro que os concorrentes de Mahomes não estão fora de disputa. Para ele, Allen, Jackson e Burrow já mostraram “relances de grandeza”, mas precisam avançar em responsabilidade organizacional para se equiparar ao quarterback de Kansas City. O ex-patriota defende que um líder de ataque deve assumir tarefas que extrapolam o ato de lançar a bola: influenciar o planejamento tático, participar ativamente da montagem do elenco, colaborar com a defesa e cobrar excelência de todos os departamentos.

Imagem: foxsports.com
Relembrando sua experiência em New England e Tampa Bay, Brady citou exemplos práticos, como a revisão de roteiros de jogo, a realização de walk-throughs próprios e a pressão sobre dirigentes por reforços específicos. Ele também menciona nomes como Peyton Manning, Drew Brees e Philip Rivers, que, segundo o aposentado, seguiam a mesma linha de envolvimento integral no funcionamento da franquia.
Na avaliação de Brady, o posto de quarterback equivale ao de “CEO” dentro de campo. Por exercer influência direta no resultado, o jogador precisa conquistar a confiança de todos os setores, desde o ataque até as equipes de especialistas. Essa liderança, argumenta o ex-camisa 12, deve ser exercida diariamente, inclusive fora da temporada, e refletida na postura durante os jogos.
Enquanto os demais concorrentes buscam consolidar trajetórias de sucesso semelhantes, Mahomes mantém vantagem graças ao currículo de vitórias e ao controle demonstrado em momentos críticos. Para Brady, essa combinação de preparo contínuo, mentalidade vencedora e capacidade de decidir sob pressão o torna, por ora, o único quarterback em atividade que realmente espelha a postura que o levou ao topo da NFL.