União Europeia envia aviões para combater incêndios florestais na Espanha, que já registra três mortes

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Madrid – A Espanha recebeu nesta quinta-feira dois aviões Canadair da França para reforçar o combate aos incêndios florestais que avançam em diversas regiões do país. O envio foi realizado por meio do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia, acionado pela primeira vez por Madri desde que o sistema entrou em vigor.

O apoio internacional ocorre no momento em que as autoridades confirmam a terceira morte relacionada aos incêndios. Um bombeiro voluntário que havia sofrido queimaduras graves na província de León não resistiu aos ferimentos e faleceu durante a manhã. Trata-se do segundo voluntário morto na mesma região e da terceira vítima no território espanhol desde o início das chamas, depois de um morador que perdeu a vida perto de Madri na terça-feira passada.

Calor intenso e risco de propagação

A agência meteorológica estatal, Aemet, prevê que a onda de calor se estenda pelo menos até segunda-feira, com temperaturas que podem chegar a 44 °C em algumas áreas, acompanhadas de ventos moderados. As condições favorecem a rápida expansão do fogo, que já consumiu mais de 157 mil hectares no país em 2022, de acordo com dados do Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais.

O representante do governo na Galícia, Pedro Blanco, recebeu as aeronaves francesas destacando que “o combate ao fogo não conhece fronteiras”. O Ministério do Interior explicou que, embora os aviões ainda não fossem indispensáveis no momento da chegada, a presença deles em solo espanhol permite utilização imediata caso os focos se agravem. O ministro Fernando Grande-Marlaska informou ainda que não está descartado solicitar reforços adicionais de pessoal especializado.

Prisões por suspeita de provocar incêndios

A Guarda Civil prendeu dois homens suspeitos de iniciar focos em Castela e Leão que se espalharam por milhares de hectares, elevando para dez o número de detenções por incêndio culposo ou doloso desde o início de junho. Em território espanhol, provocar um incêndio florestal é crime mesmo quando não há intenção, sendo práticas como churrascos mal apagados, bitucas de cigarro e garrafas descartadas possíveis catalisadores das labaredas.

Evacuações e impacto sobre a população

Milhares de pessoas tiveram de abandonar temporariamente suas casas em várias províncias. Somente na quarta-feira, cerca de 700 moradores foram retirados de localidades da província de Cáceres, no sudoeste do país, devido ao avanço das chamas. Equipes de bombeiros, militares e voluntários se revezam para conter os incêndios em terreno muitas vezes acidentado e com visibilidade reduzida pela fumaça.

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Imagem: bbc.com

Contexto europeu

A Espanha é o quinto Estado-membro a solicitar ajuda pelo mecanismo europeu neste verão. Grécia, Bulgária, Montenegro e Albânia já haviam acionado o mesmo instrumento nas semanas anteriores. No bloco como um todo, aproximadamente 629 mil hectares queimaram desde o começo do ano, sendo a Espanha responsável por cerca de um quarto desse total.

Na Grécia, focos permanecem ativos pelo terceiro dia consecutivo, especialmente na ilha de Chios e na região de Acaia, no Peloponeso. Autoridades gregas contabilizam 95 feridos entre bombeiros e civis e mais de 10 mil hectares destruídos desde terça-feira. Um alerta vermelho foi emitido para Ática, Grécia Central, Eubeia, nordeste do Peloponeso e Trácia, indicando risco de incêndio extremo. As chamas obrigaram evacuações por mar e levaram à prisão de três suspeitos de provocar fogo próximo a Patras.

Incêndios também afetam Albânia e Turquia, onde vários bombeiros sofreram ferimentos durante as operações. Especialistas lembram que ondas de calor mais intensas, prolongadas e frequentes estão associadas às mudanças climáticas, o que torna o solo e a vegetação mais secos e vulneráveis à propagação rápida das chamas.

Enquanto as temperaturas permanecem elevadas e o vento favorece a expansão dos focos, o governo espanhol monitora a necessidade de solicitar novos meios aéreos ou contingentes estrangeiros. As próximas 72 horas são consideradas críticas para definir se os atuais recursos serão suficientes para conter os incêndios em curso.

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