Zelensky descarta ceder Donbas e alerta para nova ofensiva russa

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que rejeitará qualquer proposta russa para entregar a região de Donbas em troca de um cessar-fogo, advertindo que a concessão criaria uma base para futuras ofensivas de Moscou.

A declaração foi feita na terça-feira, em Kyiv, poucos dias antes do encontro marcado para sexta-feira (28) entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Anchorage, no estado do Alasca. Segundo Zelensky, a ideia de trocar territórios não atende aos interesses ucranianos e coloca em risco a segurança do país.

Trump indicou recentemente que qualquer entendimento de paz poderia envolver “alguma troca de territórios”. Fontes ligadas às negociações apontam que um dos principais pontos da pauta de Putin seria a rendição das áreas de Donbas ainda controladas por Kyiv. A região, composta pelos oblasts de Luhansk e Donetsk, está parcialmente ocupada desde 2014; atualmente, forças russas controlam quase todo o território de Luhansk e aproximadamente 70% de Donetsk.

Enquanto a diplomacia se movimenta, as tropas de Moscou mantêm a ofensiva de verão. Nas últimas horas, unidades russas realizaram um avanço repentino de cerca de 10 quilômetros nas proximidades da cidade de Dobropillia, no leste do país. Zelensky reconheceu que houve progressos inimigos “em vários pontos”, mas assegurou que as forças de Kyiv “destruirão” os contingentes envolvidos na operação.

Em pronunciamento noturno, o líder ucraniano detalhou que o Exército russo prepara ataques adicionais em três setores da linha de frente: Zaporizhzhia, Pokrovsk e Novopavlivka. Ele reiterou que retirar-se das posições atuais em Donbas significaria abrir um corredor para que Moscou lançasse ofensivas ainda mais profundas dentro do território ucraniano.

“Se abandonarmos hoje nossas fortificações, terrenos elevados e demais posições no Donbas, ofereceremos ao inimigo uma cabeceira de ponte perfeita para novas investidas”, declarou. O governo de Kyiv considera inegociável qualquer alteração de fronteiras imposta pela força, posição que conta com o respaldo formal da União Europeia.

De acordo com estimativas das autoridades ucranianas, a Rússia ocupa pouco menos de 20% do território nacional. Apesar disso, o presidente norte-americano avalia a reunião no Alasca como um “exercício de escuta” destinado a compreender diretamente as exigências de Putin. A Casa Branca declarou que colocar ambos os líderes na mesma sala dará a Trump “a melhor indicação sobre como encerrar a guerra”.

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Imagem: bbc.com

O próprio Trump caracterizou a cúpula como um encontro de “tatear terreno”, reduzindo expectativas de um acordo imediato. Na semana passada, ele havia soado mais otimista e disse acreditar que a reunião poderia abrir caminho para medidas concretas de paz. A ausência da Ucrânia na mesa de negociações, porém, gera desconfiança em Kyiv e em capitais europeias.

Zelensky evita críticas diretas ao presidente dos EUA, mas a frustração pela exclusão tornou-se mais visível nos últimos dias. Ele classificou a escolha do Alasca como “vitória pessoal” de Putin, argumentando que o local do encontro simboliza o fim do isolamento diplomático do líder russo em solo norte-americano.

Nesta quarta-feira (27), Zelensky participará virtualmente de uma reunião com Trump, líderes da União Europeia, o primeiro-ministro do Reino Unido, Sir Keir Starmer, e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte. O objetivo é reforçar a necessidade de não ceder a pressão russa sobre questões territoriais antes dos diálogos de sexta-feira.

Sem detalhes oficiais sobre as demandas que Putin apresentará, resta a Kyiv acompanhar de fora o encontro e manter a defesa de suas linhas. Com as hostilidades ainda intensas em vários pontos do front e a perspectiva de novas ofensivas relatadas pelo comando militar ucraniano, a posição de Zelensky permanece firme: Donbas não está à venda e as fronteiras do país não serão redesenhadas sob ameaça.

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